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O choque cultural


Uma das coisas que mais me intrigou ao conhecer a Tailândia foi, sem dúvidas, a incrível cultura daquele país, tão diferente de tudo que eu conhecia e, ao mesmo tempo, tão apaixonante. E como foi o primeiro lugar que tive a oportunidade de conhecer mais de perto, fiquei simplesmente encantada. Não só por todas as coisas novas que aprendi, mas também por essa experiência ter me causado naquele momento, um verdadeiro choque. Foi como se de uma hora pra outra, eu caísse na real. Quase tudo que eu acreditava e entendia (ou achava que entendia) sobre a vida foi por água abaixo. Todos os conceitos, preconceitos, padrões, estruturas, ou qualquer outro tipo de coisa que na minha cabeça era definitivo, foram colocados à prova durante esse intercâmbio cultural. Acho que quem já teve a oportunidade de conhecer outra cultura sabe bem do que eu estou falando. E o negócio é tão louco, que vicia. Foi como se alguém abrisse a minha egocêntrica cabecinha naquele momento e me mostrasse que eu não sabia m**** nenhuma da vida. Foi assim que eu me senti. Mas logo depois me senti desafiada, me senti vibrante, me senti desbravadora, me senti grata, e, por todas essas sensações que me dão frio na barriga (estou me tremendo toda agora), que eu percebi que aquilo era combustível pra minha alma, e foi em busca disso que recalculei minha rota e estou traçando novos rumos para a minha vida. Mas isso é assunto pra outra hora.

Voltando ao meu choque cultural, já no aeroporto pude sentir na pele o abismo entre o que eu pensava de mundo, e o que o eu estaria prestes a ver. Depois de uma longa e cansativa viagem (saí do Brasil sábado e cheguei lá segunda-feira), assim que encontrei o pessoal que foi me buscar, paramos em um restaurante ali mesmo para almoçar. Eu estava com 2 malas caprichadas, acomodadas naquele carrinho de aeroporto, além de uma mochila e minha bolsa. Mas o restaurante, super bem arrumado não comportava o trânsito daqueles carrinhos desajeitados e espaçosos em seu interior, e nem precisava, pois do lado de fora se formava um "estacionamento" deles, todos alinhados, com malas de todas as cores e tamanhos. Ok, legal, mas eu vou deixar minhas malas aqui? Sem segurança nenhuma, sem chave, sem nada? É ruim hein! Tudo de mais legal que a gente tem a gente carrega em uma viagem, e eu não queria correr o risco de perder minhas coisas, pois bastava alguém passar e sair empurrando meu carrinho e, já era... Foi então que tomei meu primeiro sacode, quando o Roma simplesmente me acalmou dizendo "Relaxa Dani, você está na Tailândia". Confesso que fiquei super insegura, tentava olhar lá de dentro pra conferir se minhas coisas estavam lá (sem sucesso), mas não tinha outra opção. Me rendi. E logo me distraí e já nem estava lembrando das malas quando começaram a chegar aquelas coisas todas coloridas e apetitosas na mesa (claro que esse assunto comida merece um post exclusivo), e fui novamente surpreendida com um sopa "coletiva". Pois é. Um hábito super normal por lá. Eles parecem gostar de fartura e pedem várias coisas diferentes, que enchem a mesa. E a maioria das coisas é compartilhada. O prato mais bonito era uma sopa de frutos do mar, cheirosa, que cada um mergulhava sua própria colher e se deliciava como se não houvesse amanhã. Isso mesmo, cada um enfiava sua colher na sopa, comia, provava outra coisa, voltava na sopa, tudo normal. Eu e a minha alergia a camarão não participamos da "festa" por motivos óbvios. Mas gostei da brincadeira. Saímos do restaurante satisfeitos, encontrei minhas malas intactas me esperando e fomos pra casa. Naquele momento, por mais inofensivo que podia parecer, a Tailândia já me dava boas vindas à sua maneira.

E depois de 3 longos meses sem ver meu noivo, é claro que eu estava morrendo de saudades de abraçar, beijar, conversar... Mas pela forma com que ele me recebeu eu logo senti que as coisas ali eram um pouco diferentes. Ganhei um abraço apertado, um beijo no rosto e um olhar que me dizia pra ter cautela. Os tailandeses são muito discretos e é praticamente impossível ver alguma demonstração de afeto entre casais em público. E é claro que não queríamos desagradar, e respeitamos os hábitos locais. Nada que fosse um problema, pois logo chegamos em casa e podemos matar a saudade.

Bom, isso tudo foi só no meu primeiro dia, e acabo de perceber que esse assunto vai render repeteco, porque não contei da missa a metade. Mas acho que já deu pra ter uma ideia do que vem pela frente.

Fico por aqui, com o cumprimento típico dos meus anfitriões.. Sa-Wa-Dee-Kah.

Beijos e até!

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